(se) perder e se encontrar

16:30


O celular vibrou mais uma vez. Ela não sabia o que fazer. Não conseguia mais tentar remendar aquilo que deixou de ter conserto há muito tempo. O coração não aguentava mais toda aquela agitação; precisava de calma, descanso, paz. 

Ela precisava cuidar de si mesma. Precisava abandonar a teimosa mania de querer colocar os outros na frente de si. Precisava lembrar do quão precioso era viver na sua própria companhia. Que tinha mais tempo de admirar as ruas enquanto caminhasse sozinha. Que o chocolate quente durava mais. Que a vida andava mais devagar quando não se passava o dia mandando mensagens. Que se nascemos para ser um, seremos um; e mesmo que o número mude, o primeiro não pode ser abandonado para dar mais relevância a outro. Que um grupo de amigos vale mais do que um qualquer estranho, que de estranho passou a ser conhecido, para se tornar estranho novamente. Que toda a imensidão que ela procurava dentro dele estava ali o tempo todo, nela mesma, e só ela não percebia. 

Resolveu ignorar o celular. Levantou, lavou o rosto, tomou um café e saiu. Não valia a pena insistir naquilo que não se encaixava mais dentro dela. Não valia a pena se diminuir para que pudesse caber dentro de alguém. Não valia a pena. E assim, saiu para desbravar todas as imensidões que ela ainda não conhecia e que estava o tempo todo pertinho. Dentro dela. E só ela não percebia.




texto escrito em 11 de junho de 2017 

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