Sobre o tempo
20:45
Criei esse blog com 17 anos, em 2015. Na época eu estava no terceiro ano da escola, em período de vestibular, cheia de incertezas. Aqui foi o meu refúgio por muito tempo.
O tempo foi passando e eu fui deixando esse espaço de lado. Fiz cursinho, passei em vários vestibulares, comecei a namorar, terminei o namoro, tive crises de ansiedade, ingressei em uma universidade, saí de casa, sofri durante o meu primeiro ano de faculdade, tentei trocar de curso, desisti, comecei um curso à distância, me encontrei nos dois cursos, aprendi a cozinhar, sobrevivi a várias noites dormindo sozinha.
A questão é: o tempo passou. Eu não vi. Em algum espaço nesses quatro agitados anos, a vida bateu na minha porta, tentou mandar uma mensagem, ligou para o meu celular só pra dizer "ei, tá na hora de crescer".
Eu não atendo números desconhecidos. Não abro a porta para estranhos. Ignoro as mensagens das pessoas.
Eu não vi.
Por isso, no meio do caos, eu fui obrigada a crescer e não percebi. Minha mente age como se eu ainda tivesse 17, sofresse pelas provas de física do colégio e o almoço ainda estivesse quentinho me esperando em casa.
Atenção, adultos (mais adultos do que eu): crescer é difícil. É demorado. É imperceptível.
A gente se vê num dia com uma casa arrumada, a comida pronta e um pai disponível pra nos dar carona para onde quer que fosse. No outro, a casa tem que depender de nós, a refeição mais importante da semana vira miojo e a carona se torna um ônibus lotado em que temos que carregar uma mochila pesada durante todo o percurso em pé - porque, é óbvio que não vai sobrar lugar algum para ficar sentado.
E mesmo com essa mudança brusca de comodidade, a pressão física se torna um nada perto da pressão psicológica que a gente se coloca para ser "alguém" na vida.
Preciso deixar claro que não estou reclamando. Meu sonho sempre foi poder sair da zona de conforto e conhecer novos lugares que me fizessem crescer. Arrumar um emprego dos sonhos e pagar as minhas próprias coisas. Mas, não é simples como pensava. A jornada é árdua e eu realmente espero que o final seja bom o suficiente para compensar o percurso.
Por isso, eu peço para que não cobre o outro sobre o tempo dele. O tempo, de fato, é DELE. Felizmente, somos seres humanos que vivem de formas diferentes e acabamos crescendo de formas diferentes, de acordo com a experiência e a vivência de cada um. Cada um no seu tempo.
E por favor, não esqueça que um progresso lento ainda é um progresso.
Um dia chegaremos lá.
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